Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 24

“Na nossa prática de zazen, paramos de pensar e estamos livres da nossa atividade emocional. Não dizemos que não há atividade emocional, mas estamos livres dela. Não dizemos que não há pensamento, mas nossa atividade de vida não fica limitada pela nossa mente pensante. Em resumo, podemos dizer que acreditamos em nós mesmos totalmente, sem pensar, sem sensações, sem discriminar entre bem e mal, o certo e o errado. Por nos respeitarmos, por botarmos fé em nossa vida, sentamos. Essa é nossa prática. 

Quando nossa vida se basear em respeito e completa confiança, será uma vida completamente pacífica. O nosso relacionamento com a natureza também deveria ser assim. Devemos respeitar tudo e podemos praticar o respeito pelas coisas do mesmo modo como nos relacionamos com elas. 

(…) Se acharmos que é fácil praticar porque  temos um belo edifício, isso será um engano. Na realidade, talvez seja bem difícil praticar com um espírito forte nesse tipo de ambiente onde há um belo Buda e oferecemos belas flores para decorar o hall de Buda. Nós, zen budistas, temos um ditado: com uma folha de capim, criamos um Buda de ouro de quase cinco metros de altura. Esse é nosso espírito; portanto, precisamos praticar o respeito pelas coisas”.

(…) Embora ver um grande Buda dourado num grande Buda dourado seja mais fácil, quando você vê um grande Buda numa folha de capim, sua alegria será algo especial”…

ImagemExcerto de texto lido no zazen de 11/08. Capítulo “O Respeito pelas coisas”, do livro Nem Sempre é assim, de Shunryu Suzuki

Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 23

“Se não conseguirmos obter uma grande e calorosa satisfação na nossa prática, ela não será verdadeira. Ainda que você se sente, tentando manter a postura correta e procurando contar sua respiração, talvez ainda assim se trate de zazen sem vida, porque você está apenas seguindo as instruções. Você não está sendo amável consigo mesmo. Você acha que se seguir as instruções dadas por algum professor, fará um bom zazen, mas o propósito das instruções é encorajá-lo a ser amável consigo mesmo. Não conte sua respiração apenas para evitar sua mente pensante, mas sim para cuidar de sua respiração da melhor maneira possível.

(…) As nossas regras monásticas se baseiam em mentes amáveis, afetuosas. A idéia é não restringir sua liberdade, mas lhe dar liberdade de se comportar e agir do seu próprio modo. Não é tão importante assim seguir as regras literalmente. Na verdade, se você infringir a regra de vez em quando, saberemos o que há de errado com você e seu professor, sem criticá-lo, talvez seja capaz de ajudá-lo mais corretamente. É assim que você melhora sua prática com o objetivo de ter um bom controle sobre seus desejos e sobre seu dia-a-dia. Então, você alcançará uma grande liberdade em relação a tudo. Essa é a finalidade de nossa prática, tanto para os monges como para os leigos”.

Lido no zazen do dia 04/08 . Capítulo “Sejá amável consigo mesmo” do livro “Nem sempre é assim”, de Shunryu Suzuki.

Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 22

Imagem.
“Se você quiser estudar algo, será melhor não saber qual é a resposta. Por você não estar satisfeito com o que lhe foi dito, e porque não pode se fiar em algo estabelecido por outra pessoa, você estuda o budismo sem saber como estudá-lo. Desse modo, descobre por si mesmo o que realmente quer dizer “a natureza de Buda”, “prática” ou “iluminação”. 

(…) o caminho para estudar o zen verdadeiro não é verbal. Abra-se e desista de tudo. O que quer que aconteça, quer você pense que é bom ou mau, estude com rigor e veja o que você descobre. Essa é a atitude fundamental. Algumas vezes, você fará coisas sem muito sentido, como uma criança que desenha sem pensar se o resultado será bom ou não. Se isso for difícil, você não estará pronto para praticar o zazen. 

Isso é o que significa se render, ainda que você não tenha motivo algum para se render. Sem se perder de si mesmo por ficar agarrado a uma determinada regra ou compreensão, continue sempre se descobrindo, em todos os momentos. Essa é a única coisa a fazer”. 

Lido no último zazen, em nosso novo espaço de prática. Capítulo “Descubra por si mesmo”, do Livro Nem Sempre é Assim, de Shunryu Suzuki