Textos e Sutras, Zazen

A prática sincera – ZAZEN 32

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“O que é a prática sincera? Quando não se é tão sincero, é difícil saber, mas quando se é sincero, você não consegue aceitar o que é superficial. Apenas quando você se tornar bastante sincero saberá do que se trata. É como apreciar a boa arte. Se você quer apreciar a boa arte, a coisa mais importante será ver o bom trabalho. Se você tiver visto uma boa quantidade de bons trabalhos, quando ver algo que não é tão bom, imediatamente saberá que não se trata de algo tão bom assim. Os seus olhos terão se tornado suficientemente perspicazes para ver”.

“Até mesmo o nome do budismo é uma mancha suja na nossa prática. O importante não é o ensinamento, mas o caráter e o esforço do aluno. O próprio fato de buscar a iluminação significa que sua mente não é suficientemente grandiosa. Você não está sendo sincero, pois tem um objetivo em seu estudo. E o desejo de realizar alguma coisa ou mesmo de propagar o budismo não é puro o bastante”. 

Do capítulo “Prática Sincera”, do livro Nem sempre é assim, de S. Suzuki, lido no zazen de 06/10.

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ZAZEN 31 – O patrão de tudo…

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“(…) dizemos para praticar o zazen sem idéia de ganho, sem nenhum propósito. Deixem as coisas funcionarem do jeito que funcionam, apoiando tudo como se fossem suas próprias coisas. A prática real tem orientação ou direção, mas não há objetivo ou idéia de ganho. Desse modo, pode-se incluir tudo o que vier. Seja bom ou mau, não importa. Se algo ruim acontecer: “tudo bem, faz parte de mim”. E se alguma coisa boa acontecer: “tudo bem”. Por não termos nenhum propósito ou meta especial em nossa prática, não importa o que vai acontecer. 

Já que engloba tudo, podemos chamá-la de mente grandiosa. Seja o que for, está dentro de nós, e nós a possuímos, portanto, nós a chamamos de mente grandiosa (…). Ainda que eu fale a respeito de alguma coisa, não há propósito. Estou falando para mim mesmo porque você é parte de mim; portanto, não há propósito em minha conversa. Algo está acontecendo, é tudo. Acontece por causa da alegria real de compartilhar sua prática com tudo”. 

Parte do capitulo do livro Nem Sempre é assim, de S. Suzuki, lido no zazen de 29/09…

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ZAZEN 30 – Onde quer que eu vá, encontro a mim mesmo…

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“A maioria de nós quer saber o que é o eu. Esse é um problema sério. Tento entender por que vocês têm esse problema. Embora vocês tentem entender quem vocês são, isso me parece uma tarefa infinita, e vocês jamais irão ver seu eu. Vocês dizem que é difícil ficar sentados sem pensar, mas é muito mais difícil tentar pensar sobre seu eu. Chegar a uma conclusão é quase impossível, e se continuarem tentando, acabarão loucos, e não saberão o que fazer com seu eu (…)

(…) Quando praticam o zazen na tentativa de melhorarem a si mesmos, talvez vocês queiram se conhecer por meio de uma abordagem mais psicológica. A psicologia vai lhes revelar alguns aspectos de si mesmos, mas não irá lhes dizer exatamente quem vocês são. Trata-se apenas de uma das várias interpretações de sua mente. Se vocês forem a um psicólogo ou psiquiatra, terão informações sem fim sobre si mesmos. Enquanto estiverem fazendo uma terapia, podem sentir algum alívio. Podem se sentir livres do fardo que carregam, mas em zen nós nos entendemos de um modo completamente diferente (…)

(…) Tozan, o fundador da Escola Chinesa de Soto Zen, rejeita os esforços de vocês de se apegarem a informações de si mesmos e aconselha que vocês caminhem sozinhos, usando as próprias pernas. O que quer que as pessoas digam, vocês devem seguir seu próprio caminho, e ao mesmo tempo devem praticar com as outras pessoas. Essa é outra questão. Significa que se encontram é praticar com pessoas (…)

(…) Quando esvazia sua mente, quando desiste de tudo e somente pratica o zazen com a mente aberta, o que quer que você veja, você encontra a si mesmo. Aquele é você, além dela, dele ou de mim. Enquanto estiver apegado à idéia do eu, tentando melhorar sua prática ou descobrir algo, tentando criar um eu melhor e mais refinado, sua prática se desencaminhará. Você não tem tempo de alcançar sua meta, portanto, no fim, sentirá cansaço e dirá: “O zen não é bom. Pratiquei o zen durante dez anos mas não ganhei nada!”. Porém, se você aparecer aqui, sentar-se com alunos sinceros, se ver entre eles e continuar desse modo, essa é nossa prática. Você é capaz de ter esse tipo de experiência em qualquer lugar em que estiver. Como dizia Tozan, “Onde quer que eu vá, encontro a mim mesmo”. Se ele olhar a água, será como ver a si mesmo. Olhar a água é o bastante para ele, ainda que não possa se ver na água (…). 

Capítulo “Onde quer que eu vá, encontro a mim mesmo”, do livro Nem Sempre é assim, de S. Suzuki, lido no zazen de 22/09/13.