Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 18

ImagemHoje, no Zazen,  dia 30/06/13, lemos o capítulo  “Mente comum, mente de Buda”, do livro “Nem sempre é assim”.

Das partes lidas, estas nos marcaram:

O objetivo de minha palestra é dar algum apoio à sua prática. Não é necessário que vocês se lembrem do que falei. Se vocês forem se apoiar na fala, agarrem-se no apoio, não na própria árvore. Uma árvore, quando forte, talvez ainda queira algum apoio, mas a coisa mais importante é a árvore em si, não o apoio. Sou uma árvore, e cada um de vocês é uma árvore. Vocês devem ficar em pé por conta própria. Quando uma árvore se sustenta sozinha, chamamos aquela árvore de Buda. Em outras palavras, quando você pratica o zazen em seu sentido verdadeiro, você é realmente Buda. As vezes, nós a chamamos de árvore, outras vezes nós a chamamos de Buda. “Buda”, “árvore” ou “você” são os muitos nomes de um Buda”.

Na verdade,  você está aqui, bem aqui; assim, antes de se entender, você é você. Depois que você explica você não é mais você. Você só tem uma imagem. No entanto, geralmente, você se fixa na imagem que não é você e ignorará a realidade.  Como Dogen Zenji disse, nós, seres humanos  nos aferramos a algo que não é real e nos esquecemos completamente sobre o que é real. Na verdade, é isso o que fazemos. Se você entender essa questão, terá a compostura perfeita e poderá confiar em si mesmo.  Seja o que acontecer com você, não importa. Você confia em si mesmo, e essa não é a confiança ou crença usual no que não é real. Quando você for capaz de se sentar sem nenhum som ou imagem, com a mente aberta, essa será a prática verdadeira. Quando você puder fazer isso, estará livre de tudo. Ainda assim, tudo bem, se você apreciar sua vida a cada momento, pois você não está apreciando sua vida como algo concreto e eterno. A nossa vida é passageira e, ao mesmo tempo, cada momento inclui seu próprio passado e futuro. Desse modo, nossa vida transitória e eterna continuará. É assim que nós levamos a vida cotidiana, que apreciamos o dia-a-dia e que nos livramos de várias dificuldades”. 

Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 17

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No Zazen de hoje, dia 23/06/13, fizemos a leitura usual do livro “Nem sempre é assim”.

Lemos o capítulo “Recuperando a mente grandiosa” e 2 pequenas partes nos chamaram a atenção…

Se você tiver alguma coisa, você se preocupará em perdê-la, mas se não tiver nada, não há com que se preocupar”.

“Existir em mente grandiosa é um ato de fé, que é diferente da fé usual de acreditar em uma idéia ou ser específico. É acreditar que alguma coisa esteja nos apoiando e apoiando todas nossas atividades, inclusive a mente pensante e a sensibilidade emocional. Todas essas coisas são apoiadas por algo que não é nem material nem espiritual. Algo que sempre existe e nós existimos nesse espaço. Esse é o sentimento de puro ser”. 

Textos e Sutras, Zazen

A Regra do Zazen

Por Dogen

Tradução de José Fonseca

Estudar zen significa praticar zazen. Para praticar zazen escolha um lugar calmo, sem umidade nem vento, e um tapete grosso. Imagine que o lugar onde está é o Assento do Diamante, pois usamos a mesma postura de Sakiamuni ao ser iluminado. Alguns monges praticam em grandes pedras e outros seguem a prática dos sete budas, de sentar em almofadas de capins.

No local do zazen não deve haver escuridão, mas brilho moderado noite e dia. Deve ser morno no inverno e fresco no verão. Mantenha corpo e mente em descanso – corte toda atividade mental. Não pense sobre tempo e circunstâncias, nem se amarre em bons ou maus pensamentos. Zazen não é nem consciência de si nem auto-contemplação. Jamais tente se tornar um buda. Desligue-se das noções de deitar ou sentar. Coma e beba moderadamente. Não perca tempo. Atente para sua própria prática de zazen. Aprenda com o exemplo do quinto patricarca Konin de Monte Obai. Todas as suas ações, todos os dias, eram prática de zazen.

Quando praticar, use um kesa e uma pequena almofada redonda. Sente-se não no meio da almofada, mas na parte posterior dela. Cruze e pouse as pernas no tapete. A almofada deve estar em contato com a base de sua espinha. Esta é a postura básica transmitida de buda a buda, patriarca a patriarca.

Use a postura de lotus, meia ou completa. Em lotus completo, o pé direito vai sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo sobre a coxa direita. Mantenha as pernas horizontais e a coluna perfeitamente reta. Em meio lotus, o pé esquerdo é posto na coxa direita e o pé direito sob a coxa esquerda.

Folgue sua roupa alinhe-se para cima. Mão direita no pé esquerdo, mão esquerda no pé direito. Os polegares retos tocam-se levemente. Ambas as mãos devem estar contra o abdomem, o dorso dos polegares alinhados no nível do umbigo. Lembre-se de manter a espinha dorsal reta o tempo todo. Evite inclinar-se para frente ou para trás, esquerda ou direita. Alinhe as orelhas com os ombros. O nariz e o umbigo também devem estar no mesmo plano. Coloque a língua contra o céu da boca. Respire pelo nariz e mantenha seus dentes e lábios juntos. Os olhos ficam abertos naturalmente. Ajuste o corpo, inicialmente, com uma respiração profunda. A forma de seu zazen deve ser estável como uma montanha. Pense “sem pensar”. Como? Usando “não-pensar”. Este é o esplêndido caminho do zazen. Zazen não é um meio de iluminar-se, ele é a ação completa do Buda. O próprio zazen é natural e pura iluminação.

Dito aos monges de Kipoji em novembro de 1243.

(Capítulo 11 do Shobogenzo , Olho e Tesouro da Verdadeira Lei, edição traduzida por Kosen Nishiyama, Tokyo, 1988)

Fonte: http://www.daissen.org.br/hp/index.php?id=0&s=textos&txt_id=84