Textos e Sutras, Zazen

Não fique preso à iluminação – ZAZEN 34

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“Ao se praticar o zazen, momento a momento, você aceita  o que tem agora, neste momento, e está satisfeito com tudo que faz. Por apenas aceitar, você não tem razão alguma de queixa. Isso é o zazen. Mesmo que não consiga fazê-lo, você sabe o que fazer. Então, sentar-se em zazen também o estimulará a fazer outras coisas. Da mesma maneira que você aceita suas pernas doloridas de tanto ficar sentado, você aceita sua vida cotidiana, que talvez seja mais difícil do que sua prática de zazen”

“(…) Talvez você pense que alcançou a iluminação, mas se você estiver ocupado ou em alguma dificuldade, e acha que precisa voltar a ter aquela experiência, então aquela não é uma verdadeira iluminação, pois é algo a que você ficou preso. A verdadeira iluminação está sempre com você; portanto, não há necessidade de ficar preso a ela ou inclusive pensar a respeito. Por estar sempre com você, a dificuldade em si é a iluminação. A vida agitada em si é uma atividade iluminada. Isso é a verdadeira iluminação”. 

Excerto do capítulo “Não fique preso à iluminação”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 10/11.

Textos e Sutras, Zazen

Onde quer que você esteja, está a iluminação – ZAZEN 33

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“Em nossa prática, a coisa mais importante é constatar que temos a natureza de Buda. Intelectualmente, podemos saber disso. Entretanto, isso é difícil de aceitar. A nossa vida cotidiana se passa nos domínios do bem e do mal, no campo da dualidade, enquanto a natureza de Buda se encontra nos domínios do absoluto, onde não há o bem nem o mal. Há uma realidade duplicada. A nossa prática está em ir além dos domínios do bem e do mal e perceber o absoluto. Isso pode ser difícil de entender. (…)”

“(…) Ainda que você diga: “Eu tenha a natureza de Buda”, esse fato sozinho não é suficiente para fazer com que isso funcione. Se você não tiver um amigo ou uma sangha, não funcionará. Ao praticarmos com a ajuda da sangha, auxiliados por Buda, podemos praticar o zazen em seu verdadeiro sentido. Vamos ter uma luz brilhante no Zendo de Tassajara ou em nossa vida diária. 

“Naturalmente, ter uma suposta experiência da iluminação é importante. Entretanto, o mais importante é saber como ajustar a chama do zazen em nossa vida diária. Se a chama estiver fumacenta, você sentirá o cheiro de algo. Poderá perceber que ela é uma lamparina a querosene. Se sua vida estiver em combustão completa, você não terá razões de queixa e não haverá necessidade de estar consciente de sua prática. Se você falar demais a respeito do zazen, já será uma lamparina a querosene fumacenta”. 

Excerto do capítulo “Onde quer que você esteja, está a iluminação”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 03/11.

Textos e Sutras, Zazen

A prática sincera – ZAZEN 32

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“O que é a prática sincera? Quando não se é tão sincero, é difícil saber, mas quando se é sincero, você não consegue aceitar o que é superficial. Apenas quando você se tornar bastante sincero saberá do que se trata. É como apreciar a boa arte. Se você quer apreciar a boa arte, a coisa mais importante será ver o bom trabalho. Se você tiver visto uma boa quantidade de bons trabalhos, quando ver algo que não é tão bom, imediatamente saberá que não se trata de algo tão bom assim. Os seus olhos terão se tornado suficientemente perspicazes para ver”.

“Até mesmo o nome do budismo é uma mancha suja na nossa prática. O importante não é o ensinamento, mas o caráter e o esforço do aluno. O próprio fato de buscar a iluminação significa que sua mente não é suficientemente grandiosa. Você não está sendo sincero, pois tem um objetivo em seu estudo. E o desejo de realizar alguma coisa ou mesmo de propagar o budismo não é puro o bastante”. 

Do capítulo “Prática Sincera”, do livro Nem sempre é assim, de S. Suzuki, lido no zazen de 06/10.