Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 28 – Experiência direta da realidade

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“O mestre zen Dogen dizia: “As montanhas e os rios, a terra e o céu; tudo nos estimula a alcançar a iluminação”. Do mesmo modo, o objetivo de minha palestra é incentivá-los a alcançar a iluminação, a ter a experiência real do budismo. Ainda que vocês pensem estar estudando budismo enquanto lêem, talvez estejam tendo uma compreensão intelectual em vez de uma experiência direta (…)

(…) A experiencia direta virá quando estiverem inteiramente em unidade com sua atividade, quando não tiverem idéia alguma do eu. Isso pode acontecer quando estiverem sentados, mas também pode acontecer sempre que a mente que procura o caminho for suficientemente forte para esquecer seus desejos individualistas. Quando você acredita que tem algum problema, isso significa que sua prática não é suficientemente boa. Quando sua prática é boa o bastante, o que quer que você veja, o que quer que você faça, é a experiência direta da realidade. Essa questão deve ser sempre lembrada. Geralmente, sem ter esse conhecimento, somos tomados por julgamentos e dizemos: “Isso é certo, aquilo é errado”, “Isso é perfeito” e “Aquilo não é perfeito”. Isso parece ridículo quando estamos fazendo a prática real (…)

(…) Quando um habilidoso artista marcial maneja sua espada, ele deve ser capaz de cortar um mosquito pousado no nariz de seu amigo, sem cortar o nariz dele. Sentir o temos de cortar o nariz não é a prática verdadeira. Quando for fazer alguma coisa, tenha a firme determinação de fazê-la. UÓSH. Sem idéia alguma de habilidade ou não, perigo ou não, você apenas segue adiante. Quando se faz algo com esse tipo de convicção, essa é a prática verdadeira. Essa é a iluminação verdadeira”. 

(…) Essa é a característica do zen e a característica do budismo verdadeiro. Em vez de criarmos um sistema de budismo, enfatizamos a prática verdadeira. Todos as regras que temos são apenas para tornar a prática mais fácil. (…) Assim, não é preciso sempre se ater às regras. O importante é expandir e aprofundar seu modo de vida cada vez mais. Não é necessário ter uma bela vasilha de cerâmica quando se está pronto para apreciar as coisas. Seja o que for, as coisas irão estimular sua prática. 

Se conseguirem apreciar suas vidas no sentido verdadeiro, então, mesmo que machuquem o corpo, tudo estará bem. Mesmo que morram, tudo estará bem (…)”

Excerto do capítulo “Experiência direta da realidade”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 08/09.

 

Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 27 – Nem sempre é assim..

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“Acho que entendo porque vocês praticam o zazen. A maioria de vocês está procurando algo. Vocês procuram o que é verdadeiro e real, porque já ouviram muitas coisas em que não podem acreditar. Vocês nem mesmo estão procurando algo que seja belo, porque descobriram que o belo, pode realmente não ser belo. É apenas uma superfície de alguma coisa ou um enfeite. Vocês também estão conscientes de como as pessoas podem ser hipócritas. Muitas pessoas que parecem ser virtuosas não propagam a gratidão real ou a mente alegre; assim, vocês não confiam nelas. 

Vocês não sabem em quem confiar ou em que tipo de ensinamento acreditar; assim, vem pra cá procurar alguma coisa. Não posso dar-lhes o que estão procurando, porque eu mesmo não acredito em nada em particular. Não digo que água é água ou que água é uma jóia, uma casam fogo ou sangue. Como Dogen Zenji afirmou, a água é mais do que isso. Podemos querer nos fixar sempre na retidão, beleza, verdade ou virtude, mas não é sábio procurar alguma coisa desse modo. Há algo a mais”

“Buscar um grande ensinamento como o budismo é procurar algo bom. O que quer que encontrem, será como um turista em busca de belas paisagens. Ainda que não esteja viajando em seu carro, você estará procurando coisas belas espiritualmente: “Áh, que belo ensinamento. Esse é um ensinamento realmente verdadeiro!”. Ser um turista à procura de belas paisagens é um dos perigos da prática do zen. Cuidado! Ficar cativado pelo ensinamento não ajuda em nada. Não se deixe enganar pelas coisas, quer seja algo bonito, quer seja algo que pareça verdadeiro (…)”

O segredo de soto zen envolve apenas estas palavras: “NEM SEMPRE É ASSIM”… Esse é o segredo do ensinamento. Pode ser assim, mas nem sempre é assim. Sem se deixar prender pelas palavras ou regras, sem muitas idéias preconcebidas, realmente fazemos algo, e ao fazer alguma coisa, aplicamos nossos ensinamentos (…)

(…) Quando são suficientemente corajosos para aceitar o que se passa ao redor, sem ponderar o que é certo ou errado, o ensinamento transmitido o ajudará”…

Excerto do capítulo “Nem Sempre é assim”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 01/09.

Textos e Sutras, Zazen

ZAZEN 26

Imagem“Na semana passada, uma das meninas da escola dominical me viu sentado em zazen e afirmou: “Eu consigo fazer isso”. Ela cruzou as pernas e disse: “E agora, o que eu faço? Fiquei muito interessado na sua pergunta, porque muitos de vocês formulam a mesma questão. Vocês vem aqui todos os dias para praticar o zen e me perguntam: “E agora o que eu faço? E agora, o que eu faço?

Não acho que possa explicar plenamente esta questão. Não é uma questão que possa ser respondida. Vocês deveriam saber por si mesmos. Nós nos sentamos em uma postura formal de modo a vivenciar algo através de nossos corpos, não pelo meu ensinamento, mas pela sua própria prática física. Porém, ser capaz de sentar de um determinado jeito e alcançar um específico estado mental não é estudo perfeito. Depois de ter a experiência total de mente e corpo, vocês também serão capazes de expressá-la de outras maneiras.

Sem se fixar em uma postura formal, vocês naturalmente transportam suas mentes para outras posturas de várias maneiras. Vocês terão o mesmo estado de mente sentados em uma cadeira, ou em pé, trabalhando ou falando. É um estado da mente que não se fixa a nada. Esse é o objetivo da prática”

Lido no zazen de 25/08/13 – capítulo “Seda Pura, Ferro Afiado”, do livro Nem Sempre é assim, de S. Suzuki.