Textos e Sutras, Zazen

O ensinamento apenas para você – ZAZEN 35

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“Geralmente quando praticamos, esperamos algo: se nos empenharmos, nossa prática melhorará. Se tivermos um objetivo em nossa prática, no fim o alcançaremos. Imaginamos que nossa prática melhorará dia a dia e que ela ajudará nossa saúde e condição mental. Isso é verdade, mas não é a compreensão completa.

Também praticamos o zazen com a compreensão de que o objetivo não é alcançado em um ou dois anos, embora esteja bem aqui. Aqui está o objetivo da prática. Quando você pratica com compreensão, toma cuidado com muitas coisas e permanece concentrado, completamente envolvido na prática que está acontecendo no momento. É por isso que temos várias instruções, de maneira a nos empenharmos bastante na prática e sentirmos o objetivo imediatamente durante seu desempenho (…)”.

“(…) Enquanto meio de se alcançar algo, essa não é uma prática que possa ser comparada a outras práticas. As instruções sobre as formas que usamos e sobre a maneira que devemos respirar foram acumuladas por meio da experiência de muitas pessoas, da mesma maneira que o conhecimento científico é acumulado. Entretanto, a sabedoria budista enfatiza o aspecto subjetivo da verdade. É por isso que dizemos que todos são Buda. É assim que transmitimos o ensinamento de Buda para todos. Não é apenas uma transmissão no papel. O aspecto subjetivo esteve sempre conosco, e essa questão sempre foi enfatizada, sem que o aspecto objetivo da verdade fosse perdido.

Às vezes, os que se auto-intitulam “espiritualistas” ignoram o aspecto objetivo da verdade. Isso também é um erro; porém, ficar preso ao aspecto objetivo da verdade e se fiar nele numa atitude indolente tampouco ajudará. Ainda que possamos viajar até a Lua, isso não ajuda muito. Enquanto nos fiarmos apenas na verdade objetiva e cientifica, isso não ajuda. Apenas quando cada um de nós sente a verdade, aprecia-a, aceita-a e esta pronto a segui-la, é que tudo dará certo. Quando alguém se põe fora da verdade para estudá-la, esse alguém não saberá o que fazer quando algo lhe acontecer”.

Excerto do capítulo “O ensinamento apenas para você”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 17/11.

Textos e Sutras, Zazen

Não fique preso à iluminação – ZAZEN 34

A-vida-e-o-que-ela-ensina

“Ao se praticar o zazen, momento a momento, você aceita  o que tem agora, neste momento, e está satisfeito com tudo que faz. Por apenas aceitar, você não tem razão alguma de queixa. Isso é o zazen. Mesmo que não consiga fazê-lo, você sabe o que fazer. Então, sentar-se em zazen também o estimulará a fazer outras coisas. Da mesma maneira que você aceita suas pernas doloridas de tanto ficar sentado, você aceita sua vida cotidiana, que talvez seja mais difícil do que sua prática de zazen”

“(…) Talvez você pense que alcançou a iluminação, mas se você estiver ocupado ou em alguma dificuldade, e acha que precisa voltar a ter aquela experiência, então aquela não é uma verdadeira iluminação, pois é algo a que você ficou preso. A verdadeira iluminação está sempre com você; portanto, não há necessidade de ficar preso a ela ou inclusive pensar a respeito. Por estar sempre com você, a dificuldade em si é a iluminação. A vida agitada em si é uma atividade iluminada. Isso é a verdadeira iluminação”. 

Excerto do capítulo “Não fique preso à iluminação”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 10/11.

Textos e Sutras, Zazen

Onde quer que você esteja, está a iluminação – ZAZEN 33

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“Em nossa prática, a coisa mais importante é constatar que temos a natureza de Buda. Intelectualmente, podemos saber disso. Entretanto, isso é difícil de aceitar. A nossa vida cotidiana se passa nos domínios do bem e do mal, no campo da dualidade, enquanto a natureza de Buda se encontra nos domínios do absoluto, onde não há o bem nem o mal. Há uma realidade duplicada. A nossa prática está em ir além dos domínios do bem e do mal e perceber o absoluto. Isso pode ser difícil de entender. (…)”

“(…) Ainda que você diga: “Eu tenha a natureza de Buda”, esse fato sozinho não é suficiente para fazer com que isso funcione. Se você não tiver um amigo ou uma sangha, não funcionará. Ao praticarmos com a ajuda da sangha, auxiliados por Buda, podemos praticar o zazen em seu verdadeiro sentido. Vamos ter uma luz brilhante no Zendo de Tassajara ou em nossa vida diária. 

“Naturalmente, ter uma suposta experiência da iluminação é importante. Entretanto, o mais importante é saber como ajustar a chama do zazen em nossa vida diária. Se a chama estiver fumacenta, você sentirá o cheiro de algo. Poderá perceber que ela é uma lamparina a querosene. Se sua vida estiver em combustão completa, você não terá razões de queixa e não haverá necessidade de estar consciente de sua prática. Se você falar demais a respeito do zazen, já será uma lamparina a querosene fumacenta”. 

Excerto do capítulo “Onde quer que você esteja, está a iluminação”, do livro “Nem sempre é assim”, de S. Suzuki, lido no zazen de 03/11.